Depressão
O vazio que neste momento
Agonizantemente me afoga,
Deixa que as lágrimas cá de dentro
Me sucumbam qual eterna droga!
Sentimentos de inutilidade apoderam-se-me da alma,
À medida que me auto-destrúo nas vestes da tristeza,
Convençendo-me com pouca calma,
Que fui descartada de certeza...
Afinal que interesse haveria
Em alguém mesmo me conhecer?
O mais provável é que seria
Uma decepção para esse mesmo ser...
Levo ao extremo estes sentimentos deprimentes,
Espero que os outros me aceitem entrementes...
Não faço nada de jeito,
Não faço nada que jeito tenha!
Ainda por cima levo a peito
Qualquer desentendimento que sobrevenha!
Mas nunca guardando rancor,
Sabendo que a culpa é somente minha,
Pois sensibilizada pela dor,
Absorvo os meus males e os da vizinha...
Pronto, desisto, acabou-se...
Já sinto que estou a mais.
Quem me dera que apenas fosse,
Esta vil tristeza e nada mais...
Mas porque estou deprimida,
Esqueço tudo o que existe de bom,
Contra paredes comprimida...
Será este o meu único dom?
A mim mesma destroçar,
Pôr por terra a auto-estima,
Não deixando outros detectar
Que me sufoco , ainda por cima!
Algo me diz que não há motivo
Para tanta lágrima soltar.
Mas se não me expressar, não vivo...
Rogo para que me venham falar!
Porque é que sou assim?
Tenho estes picos de tristeza...
Quem sorrirá para mim,
Se sou só esta silhueta presa?
É tão grande este meu desejo
De verdadeiras amizades criar!
Mas por vezes nada vejo
Por estar sempre a me auto-criticar...
Imagino o meu eu,
Quebrantado a se desvanecer.
De pé, chorando no seu
Apartado canto, a morrer...
Mas os pensamentos guerreiam
Na minha mente qual arena!
E as ideias que me alegram
Quase me fazem sentir pena...
Que razões tenho eu para me queixar?
Nenhuma! Todos o dizem!
Quem me dera, alguém para amar,
Para que as agonias não me pisem...
Pronuncio-me através de olhares,
Espero entusiasticamente,
Para naquele momento, pelo menos estares
A entender o meu sentimento...
1st June, 2005